segunda-feira, 25 de julho de 2011

CAMINHADA DE LULA PARA AS ELEIÇÕES DE 2012

Luiz Inácio Lula da Sil

Em um contraponto à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o PT não realize prévias nas eleições municipais de 2012, o líder do governo federal na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), lembrou que o estatuto do PT prevê a realização de consulta primária quando a legenda tiver mais de um nome para uma disputa eleitoral. O deputado federal disse que Lula tem agido em busca de uma "melhor solução" ao pregar que a sigla chegue a um acordo na escolha das candidaturas, mas destacou que o ex-presidente já disputou prévias em 2002, para a definição do candidato do PT à sucessão ao Palácio do Planalto. Na época, o senador Eduardo Suplicy (SP) insistiu na realização da consulta partidária.
- "As prévias fazem parte do estatuto. Se tiver dois candidatos, o estatuto define que vão ter prévias.", destacou o deputado federal, após participar de seminário na capital paulista.
- "O Lula está defendendo uma melhor solução para o partido, que seria nós chegarmos a um acordo. Mas ele mesmo já disputou prévias, quando foi candidato a presidente. Nosso estatuto obriga a ter prévias.", afirmou.
O parlamentar salientou que ainda é cedo para definir o nome do PT para a sucessão da Prefeitura de São Paulo, no ano que vem.
O ex-presidente é contra a realização de prévias e já trabalha para evitá-las na escolha dos candidatos petistas nas disputas municipais. Lula avalia que o modelo com voto dos filiados deixa sequelas na disputa e mais atrapalha do que ajuda. Em viagens, o ex-presidente já articula alianças de outras siglas com o PT. Em São Paulo, o petista defende a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, mas encontra resistência em algumas alas do partido, que pregam a candidatura da senadora Marta Suplicy.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é contra a realização de prévias no PT para a escolha de candidatos às prefeituras, em 2012, e já trabalha para evitar a prática. Lula avalia que o modelo com voto dos filiados, tradicional no partido, deixa sequelas na disputa e mais atrapalha do que ajuda na atual temporada de costumes políticos pragmáticos. Em viagens pelo País, Lula já está articulando candidaturas e alianças com o PT.
Em São Paulo, ele está disposto a bancar a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à revelia do PT. Pouco afeito a gestões políticas, Haddad enfrenta resistências na seara petista.
O empenho de Lula para varrer as prévias do mapa eleitoral não vale só para São Paulo. Ele combinou com a presidente Dilma Rousseff que cuidaria da montagem dos palanques nas principais capitais e enquadraria o PT. Aliancista, Lula avalia que o PT só deve apresentar candidato onde tiver reais chances de ganhar. Caso contrário, recomenda ceder a cabeça da chapa para uma outra legenda.
- "Em determinadas situações, precisamos juntar todos os diferentes para enfrentar os antagônicos", diz o ex-presidente.
- "Quem tem responsabilidade com o projeto nacional faz suas contas olhando para o futuro", observa o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).
Novidade. Em São Paulo, Lula avalia que é preciso um nome novo na praça para enfrentar a "máquina" da Prefeitura, comandada por Gilberto Kassab, fundador do PSD, e também do governo, dirigido por Geraldo Alckmin (PSDB).
Além disso, há o fator Gabriel Chalita, deputado que migrou do PSB para o PMDB e assusta os petistas.
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) está na frente nas pesquisas, postula a indicação do partido para concorrer à Prefeitura de São Paulo - que já administrou de 2001 a 2004 - e acha que é a única em condições de derrotar José Serra (PSDB), apesar de enfrentar alto índice de rejeição.
- "Serra diz que não vai ser candidato, mas vai. Seria uma boa oportunidade para uma revanche.", afirma ela, que perdeu a eleição para o tucano, em 2004.
Marta foi surpreendida pela movimentação de Lula, ficou contrariada, mas não crê que a candidatura de Haddad seja fato consumado. De qualquer forma, não pretende disputar prévia.
Há, porém, quem prometa defender esse método até o fim, caso não haja acordo.
Ex-marido de Marta, o senador Eduardo Suplicy (SP) quer agora concorrer novamente à Prefeitura de São Paulo, cargo que já disputou em 1985 e 1992.
- "Por onde passo, todos me perguntam por que eu não sou candidato. Eu me disponho a ser e considero as prévias o mecanismo mais democrático do PT", insiste Suplicy, que praticamente obrigou o ex-presidente Lula a disputar com ele uma dessas primárias para definição do candidato ao Planalto, em 2002.
Trincheira. Na prática, porém, Lula está de olho em 2014 ao promover articulações políticas para a eleição do ano que vem.
- "Não basta falar mal dos tucanos na véspera da eleição. Se a gente trabalhar direito, o Estado de São Paulo ficará pronto para a gente governar em 2014 e teremos um palanque forte para a Dilma.", afirmou Lula no encontro estadual do PT, em Sumaré (SP), no mês passado.
- "São Paulo virou a trincheira da oposição ao nosso projeto nacional e é a nossa prioridade.", argumenta o presidente do PT paulista, Edinho Silva.
O PT quer desbancar o PSDB, que ocupa há 16 anos o governo de São Paulo, mas está dividido. Até mesmo o grupo de Marta rachou e dois de seus ex-secretários - os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini - também são pré-candidatos à Prefeitura.
Antes cotado, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, não deve entrar no páreo. Mercadante foi o candidato do PT ao governo de São Paulo em 2010.
Dificuldades. O quadro, porém, não é fácil para o PT nos maiores colégios eleitorais do País.
Além de São Paulo, o partido está cindido em Minas Gerais, não sabe que rumo seguir no Rio Grande do Sul e muito menos em Fortaleza, Recife e Curitiba.
Para completar, o Supremo Tribunal Federal (STF) prevê o julgamento dos réus do mensalão - maior escândalo do governo Lula, revelado em 2005 - para o primeiro semestre de 2012.
O PT teme que o escândalo de 2005 seja ressuscitado, dê munição aos adversários e contamine a disputa.
Em conversas com petistas e com a própria presidente Dilma Rousseff, Lula também prometeu atuar para desmontar o que chama de "farsa" do mensalão. Até agora, porém, o ex-presidente não deixou claro quais serão suas ações e sua estratégia.
Mesmo depois de deixar o Palácio do Planalto, o ex-presidente nunca disse quem o traiu.
- Com Agência Estado

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