domingo, 18 de setembro de 2011

FAMÍLIA DE LAMARCA RECLAMA DE PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Lamarca e o VPR

Aos 50 anos Cesar, um aeronauta com 30 anos de serviços prestados, ostenta com orgulho o sobrenome do pai, Carlos Lamarca, legendário militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). E, aos 40 anos do assassinato de seu pai, neste dia 17 de setembro, assume a responsabilidade de contar ao mundo o sentido da luta do militar que abraçou radicalmente a causa da liberdade em plena ditadura.
Cabe a Cesar relatar, ainda, a luta da família Lamarca, diante de a ação promovida por clubes militares que procuram suspender sua anistia política, assim como o direito de sua viúva, Maria Pavan Lamarca, de receber a pensão e a indenização – já determinadas pela Comissão da Anistia do Ministério da Justiça.
– Meu pai era um homem essencialmente livre. Abriu mão da carreira militar, que tanto amava, e da família, rompeu com o regime e entregou seus melhores anos por seu ideal. Ele morreu como um mendigo, ao lado de Zequinha Barreto, irmão na morte, companheiro até as últimas conseqüências – resume o filho, o perfil o pai.

Responsabilidade de não se omitir

Para o aeronauta, Lamarca não foi um desertor, como o querem qualificar os autores da ação contra seu pai.
– Quem foi terrorista foi quem torturou o povo brasileiro. Meu pai não poderia compactuar ou se omitir diante de um grupo que traiu a pátria, traiu o seu juramento à bandeira e tomou o governo, contra o povo – esclarece.
Para Cesar, ser filho de Lamarca implica na responsabilidade de não se omitir, assim como, também, de “manter a cabeça serena”. Segundo Cesar, a família Lamarca – a viúva Maria, sua irmã Cláudia, ele próprio e quatro netos – jamais fará algo para ofender uma instituição brasileira tão cara para ele, quanto o foi o Exército brasileiro.
– Mas tampouco deixaremos que nos ofendam. Precisamos dar um basta a essas ofensas – ressaltou ele.
De acordo com o filho de Lamarca, a ação que a família enfrenta é absurda.
– Ela foi formulada por um assessor militar do (deputado federal Jair) Bolsonaro – informou.
E pergunta-se:
– Se o argumento usado na ação – de que Lamarca teria sido um desertor do Exército – é válido para invalidar a sua anistia, então porque entraram com uma ação apenas contra a família de Lamarca? E porque não o fizeram com todos os demais militares com trajetórias similares que também foram anistiados? Se não entraram com ação contra eles, mas somente contra a nossa família, isso indica a conotação de uma clara de perseguição política.

-  Por José Dirceu  

MERCADO BRASILEIRO DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS EMPREGA MAIS DE 190 MIL PESSOAS


O mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais deve fechar o ano com movimentação financeira em torno de R$ 4,4 bilhões. Segundo a Câmara Setorial Federal de Flores e Plantas, o segmento registrou crescimentos de cerca 10%, nos últimos cinco anos, e já emprega 194 mil pessoas em todo o país. Para este ano, a expectativa é que haja alta de 12% no volume de negócios em relação a 2010.
– Esse desempenho é bem acima do Produto Interno Bruto (PIB), previsto para crescer (em torno de) 4% em 2011 – disse Kess Schoenmaker, presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) e de uma cooperativa que vende flores e plantas ornamentais. Ele destacou, entretanto, que, nos últimos dois meses, em decorrência da crise, a movimentação no setor foi um pouco menor, mas nada com impacto perceptível.
Segundo Schoenmaker, o mercado está em franca expansão e pode crescer ainda mais.
– No Brasil cerca de 75% de toda a produção são consumidos pelas regiões Sul e Sudeste. As demais ficam com apenas 25%, por isso, são locais que merecem atenção, a fim de expandir a comercialização. Com as novas tecnologias e condições de transporte mais favoráveis, podemos entregar o produto em boas condições em um prazo mais extenso – destacou.
Para ele, essas evoluções tecnológicas, tanto no plantio como na logística, são o principal fator desse bom desempenho.
– A satisfação do consumidor final tem aumentado muito, porque o produto está durando mais – disse.
Para o produtor de rosas Daniel Boersen, o desenvolvimento do setor é sólido e beneficia todos os elos da cadeia. Ele tem uma empresa familiar que cresceu 100% nos últimos dez anos.
– Em 2001, eu tinha cerca de 60 funcionários, hoje tenho 120 pessoas trabalhando diretamente no meu empreendimento – contabiliza.
Boersen acredita que a venda de flores e mudas por redes varejistas, que teve início há aproximadamente quatro anos, também é muito importante para o setor.
– As pessoas vão ao supermercado e já levam um vasinho de flor para casa. Isso gerou nas pessoas o hábito de comprar plantas, o que é bastante positivo para o segmento – comemora.
Outro ponto visto com otimismo pelo setor diz respeito às vendas online. No ano passado, esse tipo de comercialização teve um crescimento de 50% e a previsão é que o bom resultado se repita em 2011.
– Esse tipo de venda ocorre em geral para o consumidor final, em sua maioria (são vendidos) buquês individuais. Não temos muita venda de atacado. Não representa uma parcela grande do volume total, mas a evolução acelerada merece atenção – ressaltou Kess.
Segundo ele, trata-se de um mercado prioritariamente interno, já que a exportação não é um fator de peso para esse nicho.
– O alto custo de produção devido à carga tributária, o câmbio desfavorável e o custo do transporte fazem com que o nosso preço não seja competitivo lá fora. Produzir uma rosa no Brasil é 30% mais caro do que na Colômbia ou no Equador – situa.
Com as limitações da expansão do mercado para o exterior, produtores brasileiros buscam ferramentas para fortalecer ainda mais a cultura de compra de plantas no país. Uma delas é a Expoflora, feira realizada anualmente no mês de setembro, na cidade paulista de Holambra. No ano passado, o evento foi responsável pela comercialização de cerca de 600 mil mudas de flores e plantas, e para este ano, a previsão é que 700 mil sejam vendidas.
– É a maior feira do setor em toda a América Latina. Acreditamos que seja a principal oportunidade que o produtor tem de apresentar inovações ao consumidor final e medir sua aceitação. Todos os anos recebemos cerca de 300 mil visitantes. A feira dita as tendências do setor para o próximo ano – comentou Paulo Fernandes, coordenador do evento.

- Com ABr